Cine-Teatro Avenida

O Cine-Teatro Avenida, localizado em Aveiro, acolheu ao longo da sua história, eventos culturais e políticos significativos.

O Cine-Teatro Avenida está localizado em Aveiro, ocupando a totalidade de um lote retangular e de grandes dimensões. Situa-se entre a Avenida Dr. Lourenço Peixinho, a principal artéria da cidade, e a Rua do Mercado, abrangendo também a Travessa do Mercado, a Praça do Mercado e o Cais do Cojo, ocupando três frentes de um quarteirão no centro da cidade. O edifício tornou-se numa nova referência e num marco importante para Aveiro. Mais do que uma mera referência visual, o Cine-Teatro Avenida adquiriu o estatuto de “sala da cidade” nos hábitos dos seus habitantes, com o seu design a incorporar elementos decorativos regionais ou nacionais para melhor se enquadrar no ambiente urbano e no estilo em vigor. As autoridades municipais e clientes, desejavam que se tornasse um elemento de referência e contribuísse para a consolidação da estrutura urbana da cidade.

A construção do Cine-Teatro Avenida foi liderada pelo Arquiteto Raúl Rodrigues Lima, que concebeu o projeto após a aquisição dos terrenos, parte deles vendidos pela Câmara Municipal e o restante por Bolais Mónica. Para a sua edificação, foi constituída uma sociedade denominada “Empresa Cinematográfica Aveirense, Lda”, que também esteve envolvida na construção do Cine-Teatro de Estarreja, igualmente projetado por Rodrigues Lima. Esta sociedade incluía vários membros: Augusto Fernandes, Joaquim Henriques, Severim Duarte, João da Costa Belo, José André da Paula Dias, Fernando Henrique Vieira Pinto Bagão, Henrique Alves Calado, Luís Francisco Cristiano, Manuel Bento, José Cândido Rodrigues Pereira, Carlos Marques Mendes e Vicente Alcântara, que detinha o alvará de construção. As obras foram supervisionadas pelo Engenheiro Ângelo Ramalheira. O projeto foi condicionado pelas autoridades municipais (Câmara Municipal), que venderam parte do terreno e influenciaram a sua integração urbana, e a arquitetura da época, moldada pelos ideais e valores do regime do Estado Novo, que procurava transmitir uma imagem de progresso e renovação através de edifícios modernos e monumentais.

O edifício foi inaugurado em 29 de janeiro de 1949, com a exibição do filme «Não há rapazes maus», que se focava na vida e obra do Padre Américo Monteiro de Aguiar. Na altura, o requinte e a modernidade da sala rapidamente a tornaram uma referência na cidade, levando o público a preferir este novo espaço ao antigo Teatro Aveirense. Após a sua abertura, a sala dedicou-se principalmente à exibição de filmes, com poucos outros espetáculos registados.

Em abril de 1973, o Cine-Teatro Avenida recebeu o 3º Congresso da Oposição Democrática ao regime do Estado Novo. Este foi um momento de viragem na política portuguesa e na estratégia da oposição, conseguindo unir diversas correntes ideológicas, políticas e democráticas. A união permitiu que toda a oposição concorresse sob uma única lista eleitoral nas eleições legislativas de 1973. Associada a este congresso, ocorreu uma manifestação pacífica junto ao edifício, que foi dispersada com uma violenta carga policial, resultando em vários feridos.

Em 1984, o interior do edifício foi completamente transformado, mantendo apenas a fachada original, e foi renomeado “Edifício Avenida”. Nesta fase, acolheu um bingo, uma agência bancária, um estúdio de cinema para 350 pessoas, e uma sala de exposição que funcionava no antigo salão nobre. Após um período de abandono, o edifício foi resgatado por Hugo Pereira, Patrícia Surrador e António Silva, e em 2018, foi reaberto como “Avenida Café Concerto”, um espaço dedicado a eventos culturais, com um auditório para 400 pessoas e um café concerto, com o objetivo de devolver a cultura à cidade.

Fontes:
“O democrata”, 28 de maio de 1926;
https://cinemasparaiso.blogspot.com/2020/06/cinemas-do-paraiso-aveiro-cine-teatro.html
http://www.monumentos.gov.pt/Site/APP_PagesUser/SIPA.aspx?id=10577
https://estudogeral.uc.pt/handle/10316/8570

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